Caros amigos,
Estou concluindo a elaboração de um projeto de
extensão intitulado Educação em Ação:
estratégias e perspectivas interdisciplinares em prol da cidadania. Para
finalizar este plano de ação preciso de voluntários para compor sua equipe de
trabalho. Por isso, estou encaminhando, como item anexo, uma exposição
escrita das idéias centrais do projeto, a quem interessar possa, a fim de
angariar membros voluntários e/ou sugestões contributivas.
O projeto é audacioso e contempla, no pensar
pitagórico, o que considero como a quintessência da minha íntima relação entre
ser, expressar-se e agir em todas as esferas sociais e, principalmente,
acadêmica - minha responsabilidade maior.
Abraços fraternos
Gilmar Henrique
Educação
em ação
Por
Gilmar
Henrique
(Estratégias
e perspectivas interdisciplinares em prol da cidadania)
PARTE
I - O PLANO
Educação em Ação:
estratégia e perspectivas interdisciplinares em prol da cidadania
é um projeto de extensão que tem por objetivo levar à comunidade mossoroense
conhecimentos necessários ao desenvolvimento da consciência social de seus indivíduos, contribuindo, por meio de
ações educativas e interdisciplinares, não apenas no processo de eliminação de
falsas concepções ideológicas historicamente herdadas, como também, de outras concepções distorcidas de ver a
realidade e suas conseqüências negativas que desestabilizam a harmonia social e
o bem-estar do cidadão. Para tanto, é necessário, primeiro, estabelecermos
parâmetros do que consideramos atinentes a esses conhecimentos necessários, os tipos
de consciências que precisamos despertar
e o que entendemos por cidadania.
É
na área das ciências humanas, tais como Sociologia, Psicologia, Direito, Lingüística,
Filosofia e muitas outras, que iremos buscar os subsídios teóricos que irão
descrever as causas dos conflitos sociais e pessoais gerados no seio de uma
sociedade. Uma vez esclarecidos esses
fenômenos à luz dessas ciências no plano
da instrução e da pesquisa, passaremos para a outra dimensão dessa questão no
plano da educação e em ações extensionistas - a transformação de valores
ideológicos transmitidos por meio dos signos linguísticos que, por si, já
elicia transformação de comportamentos. Eduardo LOPES acredita que “o
comportamento dos indivíduos sociais é duplamente programado ( no sentido
cibernético): (a) por um código genético, herdado de seus antepassados; (b) por
um código lingüístico ideológico, aprendido de seu grupo” (2004, p. 17). Portanto, são os signos lingüísticos, as substâncias da linguagem, mais do
que qualquer outra coisa, que carregam, em si, os valores da sociedade a qual o
indivíduo pertence.
Quanto
aos tipos de consciências, entendemos que o bem-estar social depende do desenvolvimento
integral e harmonioso entre as duas dimensões das consciências de seus
cidadãos: a consciência de si e a consciência do outro. Aquela exige
reflexão sobre os estados interiores do sujeito. Já a consciência do outro está
voltada para a atenção sobre o mundo e os efeitos dialéticos entre subjetividade versus
alteridade. Entretanto, entram como
insumo nesse processo de desmistificação e elucidação do que vem a ser o
desenvolvimento de consciências integrais as perspectivas de Émile DURKHEIM sobre
o que ele descreve enquanto consciência
coletiva; as teorias de Karl MARX sobre consciência
e falsa consciência de classe como instâncias constituintes das relações
sociais que ele denominou de materialismo dialético e, por último, mas, nem por isso, menos
importante, a consciência de filiação à
classe, teoria apresentada por Michel MANN decorrente da ampliação das
perspectivas marxistas.
Enfim,
chegamos ao cerne dessa questão: o
cidadão e a cidadania. Tomamos
como perspectivas teóricas a esse respeito, a definição apresentada pelo
historiador e sociólogo britânico Thomas H. MARSHAL e a ressalva que ele faz
dos problemas de exclusão de grupos que se desenvolvem corolários a esse modelo
de sistema social. Marshal define
cidadania como uma realidade social na qual todo cidadão é titular de três
tipos distintos de direitos. A saber: 1º, os direitos civis, ou seja, o direito
de liberdade de expressão, igualdade de tratamento perante as leis; o direito
de ser informado e o direito de ir e vir. 2º, os direitos políticos. Estes
incluem o direito de votar e de concorrer a cargos públicos e 3º, os direitos
socioeconômicos que incluem o direito de ter um bom emprego e ser
sindicalizado; o direito ao bem-estar social,
à segurança e o direito de livre iniciativa nos negócios profissionais.
Porém, a esse respeito, Marshal fez a seguinte ressalva: essas belas
prerrogativas ameaçam as superestruturas das classes sociais dominantes por que
contrariam os interesses daqueles que possuem ou controlam os meios de produção
num sistema econômico capitalista, gerando, inevitavelmente, conflitos de
classes.
Com
o intento de evitar conflitos de classes e promover convívio social pacífico, a
classe dominante, mui sabiamente,
percebeu que declarar exclusão de
privilégios a certos grupos não era, politicamente, correto, em vez, optaram
por elaborar projetos educacionais de inclusão social para que, os
desprivilegiados, sentindo-se incluídos, aceitem a legitimidade do sistema que
os explora sem se sentirem explorados e, consequentemente, eliminar a
possibilidade de se rebelarem contra ele.
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