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terça-feira, 30 de novembro de 2010

Educação em ação ( 1 )


Caros amigos,
Estou concluindo a elaboração de um projeto de extensão intitulado Educação em Ação: estratégias e perspectivas interdisciplinares em prol da cidadania. Para finalizar este plano de ação preciso de voluntários para compor sua equipe de trabalho. Por isso, estou encaminhando, como item anexo,  uma exposição escrita das idéias centrais do projeto, a quem interessar possa, a fim de angariar membros voluntários e/ou sugestões contributivas.
O projeto é audacioso e contempla, no pensar pitagórico, o que considero como a quintessência da minha íntima relação entre ser, expressar-se e agir  em todas as esferas sociais e, principalmente, acadêmica -  minha responsabilidade maior.
 Abraços fraternos
Gilmar Henrique

Educação em ação
Por
Gilmar Henrique
(Estratégias e perspectivas interdisciplinares em prol da cidadania)

PARTE I  - O PLANO

Educação em Ação: estratégia e perspectivas interdisciplinares em prol da cidadania é um projeto de extensão que tem por objetivo levar à comunidade mossoroense conhecimentos necessários ao desenvolvimento da consciência social  de seus indivíduos, contribuindo, por meio de ações educativas e interdisciplinares, não apenas no processo de eliminação de falsas concepções ideológicas historicamente herdadas, como também, de  outras concepções distorcidas de ver a realidade e suas conseqüências negativas que desestabilizam a harmonia social e o bem-estar do cidadão. Para tanto, é necessário, primeiro, estabelecermos parâmetros do que consideramos atinentes a esses conhecimentos necessários, os tipos de consciências que precisamos despertar  e o que entendemos por cidadania.

É na área das ciências humanas, tais como Sociologia, Psicologia, Direito, Lingüística, Filosofia e muitas outras, que iremos buscar os subsídios teóricos que irão descrever as causas dos conflitos sociais e pessoais gerados no seio de uma sociedade.  Uma vez esclarecidos esses fenômenos à luz dessas ciências  no plano da instrução e da pesquisa, passaremos para a outra dimensão dessa questão no plano da educação e em ações extensionistas - a transformação de valores ideológicos transmitidos por meio dos signos linguísticos que, por si, já elicia transformação de comportamentos. Eduardo LOPES acredita que “o comportamento dos indivíduos sociais é duplamente programado ( no sentido cibernético): (a) por um código genético, herdado de seus antepassados; (b) por um código lingüístico ideológico, aprendido de seu grupo” (2004, p. 17). Portanto, são os signos lingüísticos, as substâncias da linguagem, mais do que qualquer outra coisa, que carregam, em si, os valores da sociedade a qual o indivíduo pertence.

Quanto aos tipos de consciências, entendemos que o bem-estar social depende do desenvolvimento integral e harmonioso entre as duas dimensões das consciências de seus cidadãos: a consciência de si e a consciência do outro. Aquela exige reflexão sobre os estados interiores do sujeito. Já a consciência do outro está voltada para a atenção sobre o mundo e os efeitos  dialéticos entre subjetividade versus alteridade.  Entretanto, entram como insumo nesse processo de desmistificação e elucidação do que vem a ser o desenvolvimento de consciências integrais as perspectivas de Émile DURKHEIM sobre o que ele descreve enquanto consciência coletiva; as teorias de Karl MARX sobre consciência e falsa consciência de classe como instâncias constituintes das relações sociais que ele  denominou de materialismo dialético e, por último, mas, nem por isso, menos importante, a consciência de filiação à classe, teoria apresentada por Michel MANN decorrente da ampliação das perspectivas marxistas.

Enfim, chegamos ao cerne dessa questão: o cidadão e a cidadania. Tomamos como perspectivas teóricas a esse respeito, a definição apresentada pelo historiador e sociólogo britânico Thomas H. MARSHAL e a ressalva que ele faz dos problemas de exclusão de grupos que se desenvolvem corolários a esse modelo de sistema social.  Marshal define cidadania como uma realidade social na qual todo cidadão é titular de três tipos distintos de direitos. A saber: 1º, os direitos civis, ou seja, o direito de liberdade de expressão, igualdade de tratamento perante as leis; o direito de ser informado e o direito de ir e vir. 2º, os direitos políticos. Estes incluem o direito de votar e de concorrer a cargos públicos e 3º, os direitos socioeconômicos que incluem o direito de ter um bom emprego e ser sindicalizado; o direito ao bem-estar social,  à segurança e o direito de livre iniciativa nos negócios profissionais. Porém, a esse respeito, Marshal fez a seguinte ressalva:  essas belas prerrogativas ameaçam as superestruturas das classes sociais dominantes por que contrariam os interesses daqueles que possuem ou controlam os meios de produção num sistema econômico capitalista, gerando, inevitavelmente, conflitos de classes.

Com o intento de evitar conflitos de classes e promover convívio social pacífico, a classe dominante, mui sabiamente,  percebeu que declarar exclusão  de privilégios a certos grupos não era, politicamente, correto, em vez, optaram por elaborar projetos educacionais de inclusão social para que, os desprivilegiados, sentindo-se incluídos, aceitem a legitimidade do sistema que os explora sem se sentirem explorados e, consequentemente, eliminar a possibilidade de se rebelarem contra ele.

Em virtude dos argumentos supramencionados, salientamos que  o objetivo primordial desse plano de ação educacional não é apenas identificar, entre os vários conhecimentos relativos às ciências humanas, o discurso de Marx e de outros grandes pensadores – isso as classes dominantes já o fizeram, mas adotar uma atitude, verdadeiramente, elucidativa desse processo dialético do materialismo histórico, convidando o educador, que se engajar neste projeto,  a assumir  uma consciência deveras crítica para promover a transformação de realidades imperiosas de classes dominantes que se perpetuam na história da humanidade por meios de manobras resilientes, adaptativas e circunstanciais

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